terça-feira, 2 de agosto de 2011
VIVER NO CAMPO
Muitas pessoas se instalam no campo pensando que é fácil a vida do agricultor. Aqui na nossa região posso afirmar que não é assim. Para vencer é preciso muito trabalho, ter coragem e boa dose de sorte.
Na fazenda, todos os anos vivemos momentos de muito prazer, mas também de muitas apreensões. Na primavera e no outono é só prazer. No verão e no inverno muita preocupação. O prazer está no desenvolvimento das nossas plantações e na beleza dos dias de sol e das noites estreladas. As ervas crescem em quantidades abundantes. É quando obtemos as melhores colheitas, pois não há períodos de chuvas intensas, nem de estiagem penosa. Já no verão e no inverno, tudo muda. As ervas sentem, a produção cai. As chuvas torrenciais e os raios riscando os céus são uma ameaça constante.
Sempre recomendamos aos nossos filhos quando saiam a cavalo que voltassem a galope, logo que ouvissem o primeiro trovão. Nada de pescaria no lago, todos dentro de casa. Há também os prejuizos materiais, os telefones e os aparelhos elétricos se queimam, as luzes se apagam, a geladeira degela, os alimentos se estragam. Enfim, são algumas das apreensões que sentimos no verão, sem falar nas estradas e etc.e tal.
No inverno é a falta de chuva, os pastos secam, o gado perde peso, a conta de energia elétrica aumenta, com o uso continuado da irrigação forçada.
Mas o pior é o perigo de fogo na mata e no capim seco dos pastos. Ainda no último sábado. dia 30 de julho de 2011, passamos o dia lutando contra o fogo, que vinha dos terrenos da cachoeira e que havia pulado a estrada que leva à Fazenda do Cafundó, ameaçando a nossa mata. Junto com uma turma aguerrida, lutamos para impedir que o nosso reflorestamento com pinheiros, a maioria araucaria, fosse consumida.
Abafa-se o fogo, faz-se o contra-fogo, chama-se os amigos das Fazendas próximas para ajudar, chama-se os bombeiros, que demoram a chegar, pois estavam empenhados combatendo um fogo em Araras.
Quando finalmente chegaram tiveram pouco trabalho, pois já havíamos feito o mais difícil. Os bombeiros fizeram o rescaldo. Felizmente, mais uma vez conseguimos impedir que fosse destruído o trabalho de reflorestamento que fazemos há mais de 30 anos.
Mas o inverno também tem os seus encantos. Os Ipês Amarelos florescem em agosto, as lareiras são acesas, o velho fogão à lenha que veio da casa da minha avó, ajuda a aquecer a casa, os dias de sol e as noites bem dormidas, nos quartos aquecidos, são prazeres difíceis de serem descritos.
Enfim, apesar dos pesares nós não trocaríamos a vida no campo, com o coaxar dos sapos, pela vida na cidade, com as suas buzinas.
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